viseu patrimonio

O Projeto

Metodologia e áreas de atuação

O Projeto Viseu Património assume-se como uma iniciativa de investigação aplicada, tendo como objeto o património cultural edificado de Viseu, bem como todos os valores imateriais que lhe estão associados, o que constitui um universo com uma enorme escala e com fronteiras, em muitos casos, difusas.

Numa 1ª fase de identificação de valores, importa concentrar a atenção em universos mais restritos, concentrando também os objetivos a privilegiar em cada etapa.

A relevância da estrutura urbana do centro histórico e do seu edificado corrente, como memória de várias épocas e sensibilidades e como veículo direto para a garantia da qualidade de vida das populações e do desenvolvimento económico local, seria suficiente para determinar a prioridade da sua abordagem.

Acrescem, no entanto, quatro razões fundamentais para esta escolha:

- a sua dimensão estratégica no contexto da política municipal de valorização do centro histórico, alinhada com as tendências nacionais e europeias nesta matéria;

- a evidente dificuldade do reconhecimento público do caracter patrimonial do edificado corrente e do seu valor de conjunto;

- a pressão económica e social a que este meio está cada vez mais sujeito por força do turismo, da importância de atrair residentes e de valorizar o comércio local;

- e, por fim, a crescente tendência mundial da valorização do ambiente urbano em todos os processos de reconhecimento do património cultural edificado com carácter mais singular ou mesmo monumental.

 

Neste universo, selecionou-se, por agora, a ARU (Área de Reabilitação Urbana) como objeto principal e, dentro desta, diversos núcleos geográficos ou temáticos: a zona de proteção à Sé, a cidade histórica registada na planta de 1864, as praças, a rua Direita, os núcleos edificados da transição do século XIX - XX.

Partiu-se da leitura das evidências físicas, da sua observação, registo e interpretação, para, depois, num processo metódico e iterativo, reforçar a investigação documental e a sistematização das fontes disponíveis.

Em simultâneo, criaram-se linhas de deriva, devidamente articuladas, para a exploração científica de valores de maior evidência e impacto direto e imediato na qualidade dos processos de reabilitação em curso, através da promoção de teses de mestrado, quer experimentais, quer de reflexão mais teórica ou conceptual, sobretudo nos domínios da engenharia, da arquitetura e do urbanismo.

Outros domínios tomarão, ou retomarão, progressivamente maior expressão, mas sempre de forma articulada, como a arqueologia, a história, a história de arte e a sociologia, que são peças-chave de qualquer processo de valorização patrimonial.

 Os estudos desenvolvidos vão sendo traduzidos em formatos diferenciados: (i) recolha e sistematização de dados que permita (e suscite) a discussão pública, que se privilegia; (ii) propostas metodológicas de projeto; (iii) dissertações académicas que, não obstante o seu inevitável carácter formal e conclusivo, estão sempre orientadas pelo primado das propostas de futuro e abertas à análise e discussão.

Não é alheio a esta metodologia, nem tem menor valor, o acompanhamento de casos concretos de projetos e de intervenções, quer públicas, quer privadas, no sentido de melhorar o equilíbrio entre as regras do coletivo, a preservação dos valores patrimoniais e a garantia de sustentabilidade (social, económica e ambiental), mas o seu carácter exige um tratamento público com maior reserva.